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As doenças de pele do verão

A Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta para os principais cuidados que devem ser tomados no verão, estação em que a maior parte do corpo fica exposta ao sol por um longo período do dia.

As férias de verão são ideais para o lazer ao ar livre, de um contato mais prolongado com o sol e de maior risco aos efeitos nocivos dos raios ultravioletas. Com as altas temperaturas da estação as pessoas suam mais, os fungos e bactéricas tendem à aparecer com mais frequência e é comum, principalmente entre as crianças, a ocorrência das chamadas “brotoejas”. Há ainda o contato maior dos pés na areia da praia – neste caso, devemos ficar atentos as fezes de cães e gatos nas praias, que causam o famosos “bicho geográfico” – e com a água do mar e piscina nem sempre nas condições ideais para o banho que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver as infecções da pele. “A recomendação é que as pessoas redobrem os cuidados com a higiene e evitem o contato com áreas infestadas e águas poluídas para evitar qualquer tipo de contaminação.” 

Mas o maior inimigo da saúde no verão ainda é a exposição ao sol em horários impróprios e sem o uso adequado de proteção. “É importante falar sobre a proteção solar que se não for feita conforme as recomendações pode levar a doenças graves como o câncer da pele”, alerta a Dra. Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

A seguir, a SBD lista algumas doenças comuns nessa época do ano, destacando as causas, os sintomas e como elas devem ser tratadas:

Bicho geográfico
O que é: A larva migrans, conhecida vulgarmente como bicho geográfico, é uma doença causada por parasitas intestinais do cão e do gato. Ao defecar na terra ou areia, os ovos eliminados nas fezes transformam-se em larvas. Estas, penetram na pele do homem causando a doença.
Sintomas: Por estar em pele humana, a larva não consegue se aprofundar para atingir o intestino (o que ocorreria no cão e no gato), e caminha sob a pele formando um túnel tortuoso e avermelhado. Mais comum em crianças, as lesões são geralmente acompanhadas de muita coceira. Os locais mais comumente atingidos são os pés e as nádegas. Pode ocorrer como lesão única ou múltiplas lesões. Devido ao ato de coçar é frequente a infecção secundária das lesões.
Tratamento: Dependendo da extensão da doença, o tratamento pode ser feito por via oral para os casos mais extensos ou com o uso de medicação tópica nos casos mais brandos.
Prevenção: Para prevenir a infecção pela larva migrans deve-se evitar andar descalço em locais frequentados por cães e gatos e cobrir as caixas de areia durante a noite para evitar sua utilização por gatos para defecar. Recolha as fezes de seu cachorro e estimule os outros donos de animais a fazerem o mesmo. Não leve animais para a praia.

Herpes labial
O que é: O herpes é uma infecção causada pelo Herpes simplex virus. O contato com o vírus ocorre geralmente na infância, mas muitas vezes a doença não se manifesta nesta época. O vírus atravessa a pele e, percorrendo um nervo, se instala no organismo de forma latente, até que venha a ser reativado. A reativação do vírus pode ocorrer devido a diversos fatores desencadeantes, tais como: exposição à luz solar intensa, fadiga física e mental, estresse emocional, febre ou outras infecções que diminuam a resistência orgânica.
Sintomas: Algumas pessoas tem maior possibilidade de apresentar os sintomas do herpes, que são dor de garganta e febre que dura até cinco dias podem ocorrer antes do aparecimento das bolhas. Também podem aparecer gânglios no pescoço.O primeiro episódio pode durar de 2 a 3 semanas. As lesões podem aparecer na gengiva, na boca e na garganta ou no rosto. A pessoa poderá sentir dor para engolir. Os episódios posteriores costumam ser mais brandos. Podem ser desencadeados por menstruação, exposição ao sol, febre, estresse ou várias outras causas desconhecidas. Sintomas alarmantes de coceira, queimação, maior sensibilidade ou formigamento podem ocorrer cerca de dois dias antes do aparecimento das lesões.
Tratamento: Medicamentos antivirais tomados por via oral podem ajudar os sintomas a desaparecerem mais rapidamente e aliviar a dor. Aciclovir, famciclovir e valaciclovir são os três tratamentos orais disponíveis atualmente. As feridas de herpes costumam reaparecer. Os medicamentos antivirais funcionam melhor se forem tomados quando o vírus estiver começando a voltar – antes do aparecimento das feridas. Se o vírus voltar com frequência, o médico poderá recomendar que você tome os medicamentos constantemente. Pomadas antivirais tópicas (esfregadas na pele) (penciclovir e aciclovir) podem ser usadas, mas devem ser aplicadas a cada 2 horas enquanto você estiver acordado. Elas são caras e reduzem o tempo da erupção entre algumas horas a até um dia. Lave as bolhas com cuidado com sabão e água para evitar que outras áreas da pele sejam contaminadas pelo vírus. Um sabonete antisséptico pode ser recomendado. Aplicar gelo ou calor na área pode reduzir a dor.
Prevenção:
• Evite contato direto com feridas de herpes.
• Minimize o risco de disseminação indireta lavando bem itens, como toalhas em água quente (preferencialmente, fervente) antes de reutilizá-los.
• Não compartilhe itens com uma pessoa infectada, principalmente quando ela tiver lesões de herpes.
• Evite desencadeadores (principalmente exposição ao sol) se tiver tendência ao herpes oral.
• Evite fazer sexo oral quando estiver com lesões de herpes na boca ou perto da boca e evite receber sexo oral de alguém que tenha lesões de herpes genital ou oral. Os preservativos podem ajudar a reduzir, mas não eliminar totalmente, o risco de pegar herpes no sexo genital ou oral com uma pessoa infectada.
• Os vírus do herpes oral ou genital podem às vezes ser transmitidos mesmo quando a pessoa não apresenta lesões ativas.

Melanose solar
O que é: São manchas provocadas pelo dano causado pelo sol na pele ao longo dos anos. Como o resultado da ação do sol só vai aparecer com o passar do tempo, as melanoses solares são mais comuns em pessoas de idade. Daí o nome “mancha senil”.
Sintomas: O dano solar acumulado ao longo dos anos induz ao aumento do número de melanócitos (célula que produz o pigmento que dá cor à pele) e da sua atividade, produzindo mais melanina e escurecendo a pele.
Tratamento: O tratamento pode ser feito de várias maneiras, como a cauterização química, a criocirurgia, a dermoabrasão, os peelings químicos e o uso da luz intensa pulsada. Os resultados costumam ser bons, desde que a técnica seja empregada de forma adequada. O exagero na aplicação pode deixar manchas claras ou até mesmo cicatrizes residuais.
Prevenção: Uso de proteção solar nas áreas continuamente expostas ao sol, onde as manchas se manifestam. Não é apenas o sol da praia ou piscina, mas também o sol do dia a dia, que paulatinamente vai danificando as células que, no futuro, vão sofrer alterações e dar origem às manchas.

Queimaduras solares
O que é: É uma queimadura na pele produzida pela superexposição à radiação ultravioleta (UV) dos raios solares. Essa condição ocorre quando a radiação UV incidente excede a capacidade de proteção da melanina da pele.
Sintomas: As concentrações deste pigmento variam bastante entre as pessoas, mas em geral, pessoas de pele escura têm mais melanina do que aqueles de pele mais clara. Consequentemente, a incidência de queimadura solar entre indivíduos de pele escura é menor. As queimaduras solares podem, ao longo prazo, contribuir para o desenvolvimento de câncer de pele.
Tratamento: Uma vez que a pele já sofreu a queimadura solar, nada vai reverter a ação prejudicial causada pelo sol. Todo e qualquer tratamento a ser instituído visa apenas o alívio dos sintomas. Ao contrário do que algumas propagandas divulgam, não adianta nada passar hidratantes depois de se queimar com a promessa de manter a pele bonita. O hidratante apenas trará conforto e alívio para a sensação de ressecamento que se segue, mas o mal já está feito, e mais um degrau do envelhecimento cutâneo foi subido. De qualquer forma, em caso de queimaduras solares intensas, algumas medidas podem ser tomadas para diminuir a dor e a incômoda sensação de calor.
Prevenção: Este processo, pode ser evitado através do uso de filtro solar, roupas (e chapéus) e com a limitação do tempo de exposição solar, especialmente durante o período de 10h às 16h do dia. É recomendável consultar o índice de UV para determinar o nível de proteção que é necessária. Boas formas de proteção incluem usar camisas de manga longa, chapéus com abas, bonés e sombrinhas quando ao sol. Além do uso de protetores solares topicamente. Note que o fator de proteção é efetivo quanto aplicado ao menos 2 μl por centímetro quadrado de pele exposta ao sol. Isto significa aproximadamente 28 ml para cobrir um corpo inteiro de um homem adulto, o que é uma quantia muito maior do que as pessoas usam na prática. O filtro solar deve ser reaplicado a cada 2-3 horas e deve-se aplicar de 15 a 30 minutos antes da exposição solar. Outro método de proteção contra a radiação solar são as roupas de proteção solar. Essas roupas, um conceito relativamente novo nos Estados Unidos, são classificadas através do Fator de Proteção Ultravioleta. Semelhante à graduação FPS dos filtros solares, uma vestimenta com FPU 30 bloqueia 96.7% dos raios UV.

Miliária (“Brotoejas”)
O que é: A miliária se apresenta como uma erupção cutânea relacionada com as glândulas sudoríparas (que produzem o suor). Afeta principalmente as crianças, mas também pode atingir os adultos.
Sintomas: O quadro está relacionado com o aumento do calor e da produção do suor que, extravasando dentro da pele, antes de atingir a superfície, provoca um processo inflamatório.
Tratamento: A localização mais comum é o tronco e a região cervical. As lesões geralmente são acompanhadas por coceira. Formam-se “bolinhas avermelhadas” ou vesículas (pequeninas bolhas) sobre pele avermelhada, podendo, em alguns casos, formar lesões mais exuberantes. Devido à coceira, a pele pode apresentar sinais de escoriação e pequeninas crostas sobre as lesões, devido à ruptura das bolhas pela coçadura. É comum a ocorrência de infecção secundária à doença, com o surgimento de pústulas (bolhas de pus) ou nódulos dolorosos.
Prevenção: Para evitar a miliária deve-se usar roupas frescas, tomar banhos frios e se proteger do calor, evitando o excesso de suor. O ar condicionado é um grande aliado no combate à doença. Deve-se evitar o excesso de roupas nas crianças pequenas, principalmente nos recém-nascidos, hábito comum entre mães com preocupação

Micose de praia
O que é: A Pitiríase versicolor é uma micose vulgarmente conhecida como “micose de praia” ou “pano branco”, mas, ao contrário do que se pensa, não é adquirida na praia ou piscina. O fungo causador da doença habita a pele de todas as pessoas e, em algumas delas, é capaz de se desenvolver provocando a doença.
Sintomas: Aparecimento de manchas pelo corpo. Muitas vezes, a doença é percebida poucos dias após a exposição da pele ao sol, porque nas áreas da pele afetadas pela micose, a pele não se bronzeia. Com o bronzeamento da pele ao redor, ficam perceptíveis as áreas mais claras onde está a doença e a pessoa acha que pegou a micose na praia ou piscina. Entretanto, o sol apenas mostrou onde estava a micose. Vem daí a crença de ser uma “micose de praia”.
Tratamento: A Pitiriase versicolor é uma micose que responde bem ao tratamento, que pode ser feito com medicamentos de uso via oral (comprimidos) ou local (sabonetes, xampus, locões, sprays ou cremes), dependendo do grau de comprometimento da pele. Devido a ser causada por um fungo que habita normalmente a pele, é possível a micose voltar a aparecer, mesmo após um tratamento bem sucedido. Em algumas pessoas, a Pitiríase versicolor pode ocorrer de forma recidivante, voltando a crescer logo após o tratamento. Estes casos exigem cuidados especiais para a prevenção do retorno da doença, cuja orientação deve ser dada pelo médico dermatologista.
Prevenção: Mudança freqüente de roupa durante a estação úmida, evite permanecer com a roupa molhada por muito tempo. Tomar banho após os exercícios ou passeios. Dê preferência as roupas frescas e leves, aos tecidos de algodão em detrimento dos sintéticos.

Câncer da Pele
O que é: O câncer da pele é o tipo de tumor mais incidente na população – cerca de 25% dos cânceres do corpo humano são de pele. O câncer de pele é definido pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Qualquer célula que compõe a pele pode originar um câncer, logo existem diversos tipos de câncer de pele. O dermatologista está na linha de frente na prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento do problema. Os cânceres de pele podem ser divididos em câncer de pele não melanoma e câncer de pele melanoma. Dentre os cânceres não melanoma, há o carcinoma basocelular (CBC) que é o mais frequente e menos agressivo, e o carcinoma espinocelular ou epidermoide (CEC), mais agressivo e de crescimento mais rápido que o carcinoma basocelular. Aproximadamente 80% dos cânceres de pele não melanoma são CBC e 20% são CEC. Já o melanoma cutâneo, mais perigoso dos tumores de pele, tem a capacidade invadir qualquer órgão e espalhar pelo corpo. O melanoma cutâneo tem incidência bem inferior aos outros tipos de câncer de pele, mas sua incidência está aumentando no mundo inteiro.
Sintomas: O melanoma pode ocorrer na pele, olhos, nas orelhas, no trato gastrointestinal, nas membranas mucosas e genitais. As áreas mais comuns são o dorso para os homens e os braços e pernas para as mulheres. Os primeiros sinais e sintomas de melanoma são frequentemente:
• Uma mudança em uma mancha ou pinta existente
• O desenvolvimento de uma nova mancha ou pinta bem pigmentada ou de aparência incomum em sua pele
• Outras mudanças suspeitas podem incluir coceira, comichão, sangramento e a não cicatrização da área.
Tratamento: O tratamento mais indicado para o câncer de pele é a cirurgia para retirada do tumor. Entretanto, algumas pessoas podem não ter indicação para cirurgia – no geral idosos com alguma comorbidade ou pessoas acamadas, que tem dificuldade de locomoção. Há outras situações em que a cirurgia somente pode não ser suficiente para a retirada total do tumor, ou que o comportamento deste possa pedir outras medidas. Nesses casos, o médico pode indicar outros tratamentos para erradicação do câncer de pele, que variam conforme o tipo.
Prevenção: Usar proteção solar (filtro solar FPS no mínimo 30) e ir ao dermatologista frequentemente.

Fonte – Sociedade Brasileira de Dermatologia
Dra. Denise Steiner é a presidente da SBD gestão 2013 -2014.

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