Curso da Vida – Prepare-se para viver melhor

Envelhecer com coragem

Dentro de 10 anos, metade da população da França terá mais de 50 anos. Por essa razão, o termo antiage está sumindo dos rótulos dos cremes, dando lugar aos termos renovador e alta exigência. Ainda veremos homens e mulheres com mais de 50 anos estampados nos anúncios de beleza.

No Brasil, não é diferente, em 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos totalizará 70 milhões. Muitos terão orgulho da sua idade, mas outros continuarão procurando a fonte da juventude.

O que nos faz arrepiar ao pensar em envelhecer? Será porque isso nos lembra que somos mortais? Ou é a consciência de que podemos adoecer? O próprio envelhecimento é uma novidade para todo mundo. Ter 60 anos, há bem pouco tempo, era o passaporte para a velhice. Hoje, não. Segundo a psicoterapeuta Maura de Albanesi, “atualmente as pessoas não só controlam a alimentação para ter uma vida saudável, como não há restrição a tudo, seja comportamento, carreira ou o modo de se vestir”. Se alguém decidir fazer medicina ou um curso de patinação no gelo, não encontrará barreiras. Se a senhora de 55 anos usar um vestido parecido com o de sua neta de 10, não estará por fora. Não há mais vestimenta de idoso. Os gostos são os mesmos, tanto para a menina de 10 como para a vovó. Ambas consomem informações da mesma fonte.

Há cerca de 20 anos, a sociedade era mais hierárquica. Com os filhos criados a mulher achava que sua tarefa estava cumprida, mesmo que estivesse saudável e em condições de contribuir com a sociedade. Hoje, as pessoas sabem bem a sua idade, não recusam o passar dos anos. Elas simplesmente rejeitam medos, estereótipos e caricaturas da terceira idade. “Se você perguntar a idade delas, vão dizer, mas isso não é o fato mais relevante das suas vidas”, observa Maura de Albanesi.

As pessoas não sentem a idade chegando, não importa a idade que tenham. O fato é que o envelhecimento tende a ser sutil e perdas vêm de mãos dadas com as pequenas (mas novas) recompensas. “Os primeiros cabelos brancos podem vir acompanhados de uma promoção. A equação de perdas e ganhos pode trazer uma grata surpresa. Sempre esperamos uma marco que aponte o início da velhice, mas nem sempre é assim”, explica a psicoterapeuta.

Quando envelhecemos, vamos deixando para trás a turbulência da juventude, que dá lugar a sabedoria. “Conhecemos muito mais sobre o mundo e sobre nós mesmos. De modo geral , as pessoas conscientes ficam como uma sensação de bem-estar “, comenta Maura.

Adaptáveis e flexíveis, adquirimos a consciência de nossa resiliência. Até a grande vilã do século, a depressão, tende a desaparecer em homens e mulheres com mais de 50 anos, o que ajuda até nos relacionamentos. Com um pouco menos de paixão e maior abertura, os relacionamentos tendem a ser mais importantes nas idades avançadas.

Ok, é legal estar satisfeita com os anos que vão passando, mas não custa nada ajudar a natureza com os recursos oferecidos pela tecnologia e a medicina da beleza para reduzir a devastação do tempo. “Tingir os cabelos, tomar injeções de colágeno e se sentir bem e bonita não tem nada a ver com recusar a idade, mas com o se sentir bem consigo mesma”, alerta Maura.

As vezes, o autoaperfeiçoamento pode ir longe demais caso a pessoa dê mais valor a aparência do que a características da personalidade, numa inversão de autoestima de fora para dentro.

“Com a aparência muito menos jovem, nos amaremos mais, porque os pensamentos negativos tendem a diminuir e a vida ficará infinitamente mais simples”, relembra Maura de Albanesi.

A riqueza da multifacetada experiência do envelhecimento foi patologicamente estigmatizada e reduzida à tristeza de parecer idoso. Mas não precisa ser dessa forma. Aliás, o medo de envelhecer não é fenômeno recente. Métodos de “rejuvenescimento “ foram eternizados por Cleópatra, a ideia de fonte da juventude ficou muito popularizada. O que tudo isso difere dos dias de hoje é o quão cedo a ansiedade do envelhecimento se instala.

A indústria cosmética e seu marketing têm desempenhado papel especial, pois nesse mercado os públicos são segmentados por faixa etária, com produtos para a pele madura e para a pela adolescente, ambos com antioxidante.

“Todos vivemos mais, com vidas mais saudáveis do que a geração passada, mas, curiosamente, sofrendo por envelhecer, o que significa que sofreremos ainda por mais tempo” comenta a psicoterapeuta que comanda o Instituto de Psicologia Avançada Maura Albanesi.

Fonte- Jornal Estado de Minas por Anna Marina

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