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Desmitificando a incontinência urinária

Quando criança você acordou com a cama molhada por ter urinado durante o sono, sem querer? E quando o problema acontece na idade adulta? Não é difícil compreender porque, apesar de ser um problema de saúde pública, poucos falam sobre o assunto.

Segundo a fisioterapeuta e coordenadora da pós-graduação em uroginecologia do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IED), Valéria Passos, “estima-se que 50 milhões de pessoas no mundo sofram com a incontinência urinária, sendo mais comum em mulheres e podendo acometer até 50% delas em alguma fase de suas vidas”. Apesar dos números alarmantes, eles ainda não dão conta da extensão do problema: são muitos os que, por vergonha, escondem a doença.

A incontinência urinária pode ocorrer em homens e mulheres de todas as idades, mas, de acordo com a professora, é mais comum em idosos e mulheres. “Também é estimado que 30 a 60% das pessoas com idade superior a 60 anos tenham incontinência. Entre os idosos moradores de casas de repouso, pelo menos 50% apresentam o problema. Com relação ao gênero, a predominância é em mulheres, ocorrendo em 80% dos casos”, explica a especialista.

Segundo ela, diversas razões favorecem o desenvolvimento da incontinência em mulheres, como multiparidade e climatério. Nos homens, os principais fatores de risco são o aumento da próstata e a idade avançada. As crianças normalmente apresentam episódios durante o sono.

O problema é bastante comum ainda em mulheres grávidas, devido às diversas alterações hormonais e biomecânicas, as quais influenciam diretamente no suporte e sustentação do assoalho pélvico. Além disso, ao final da gravidez, a cabeça do feto comprime a bexiga da mãe.

Os sintomas mais comuns da incontinência urinária são vontade de ir ao banheiro mais de sete vezes por dia, ir ao banheiro várias vezes durante a noite, ter perdas urinárias mesmo sem sentir necessidade de ir ao banheiro e perder pequenas quantidades de urina ao tossir, espirrar, fazer esforços. “Nesses casos, o paciente deve procurar imediatamente o urologista para fazer os exames necessário e diagnosticar qual o tipo de incontinência urinária”, orienta Valéria.

O papel do fisioterapeuta é fundamental no tratamento do problema. É ele quem pode dar todas as orientações acerca das atividades a serem realizadas em domicílio para favorecer a redução ou cura dos sintomas urinários. “A primeira linha de tratamento é a reeducação do assoalho pélvico. Dispomos de diversas técnicas para promover conscientização, fortalecimento e funcionalidade dessa região. Atuamos em todas as fases deste problema, inclusive no pré e pós-operatório, quando necessário”, explica a fisioterapeuta. Todavia, não deve ser dispensado o apoio de outros profissionais de saúde. “Com uma equipe multidisciplinar podemos tratar nossa paciente no contexto bio-psico-social como preconiza a Organização Mundial de Saúde”, completa.

A professora Valéria adverte que existem diversos tipos de incontinência urinária. Os mais comuns são a incontinência urinária de esforço (perda de urina ao tossir, espirrar, fazer atividade física e outras situações de esforço), hiperatividade da bexiga (desejo súbito e compulsivo de urinar, urinar mais de 8 vezes por dia e necessidade de acordar à noite para urinar) e incontinência urinária mista (quando os sintomas da incontinência se misturam).

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